As artes cênicas de Pernambuco e do Brasil seguem em cartaz na cidade. Em sua segunda semana de programação, o 23º Festival Recife do Teatro Nacional apresenta mais 24 sessões de 20 espetáculos, sendo seis deles nacionais e inéditos para o público local, a exemplo do monólogo “Não Me Entrego, Não”, que terá duas apresentações, nestas terça e quarta-feiras (26 e 27). Estrelada por Othon Bastos, a montagem resgata a trajetória de mais de 70 anos de carreira do ator, que se mantém na ativa aos 91 anos de idade.
Também acontece nesta derradeira semana de festival a primeira edição da Off REC, arena para rodas de diálogo, performances e apresentações, para promover discussão e fruição, fôlego e força ao futuro da celebrada produção cênica recifense.
Assim como na edição passada, os ingressos para os todos os espetáculos são solidários, trocados por 1kg de alimento nas bilheterias dos teatros, antes das sessões. Cada pessoa poderá retirar até dois ingressos. A ação é uma parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas Sobre Drogas do Recife. Até ontem (25), já haviam sido arrecadadas mais quase três toneladas de alimentos, que serão distribuídas pelo Banco de Alimentos da Prefeitura do Recife.
Entre as atrações desta derradeira semana, além do inoxidável Othon Bastos, estão os espetáculos “Inacabado” e “Paraíso”, dos grupos cearenses Bagaceira e Teatro Máquina; além de “Pequeno Monstro”, da carioca Quintal Produções Artísticas, com o ator Silvero Pereira, num contundente solo sobre violências reais e simbólicas que atravessam as vidas de pessoas homossexuais; e “Brás Cubas”, da celebrada companhia Armazém, também do Rio, que transforma Machado de Assis em personagem de sua própria obra.
Entre as montagens locais, subirão aos palcos da última semana de festival “Malassombros”, do Teatro de Retalhos, “Kalash”, do Coletivo Opte, “Quatro Luas”, dO Bando e “Esquecidos por Deus”, com Murilo Freire.
Off REC – A segunda-feira foi marcada pela abertura dos trabalhos do Off REC no Teatro Hermilo Borba Filho, estruturado como espaço de resistência para as discussões da cena local. A estreia contou com bate-papo sobre Corporalidades e Estranhamentos e, às 20h, o espetáculo “Monga”, com a atriz e dramaturga cearense Jéssica Teixeira. Também às 20h, o vizinho Apolo apresentou uma sessão da peça “Instinto”, produção gaúcha a partir da obra de Henrik Ibsen, agraciada com o prêmio norueguês Ibsen Scope.
Hoje as atividades no Teatro Hermilo começaram mais cedo, às 9h, com uma vivência sobre o Teatro Hip-Hop, tendo à frente o Coletivo À Margem e Bento Francisco. À tarde e à noite, mais dois espetáculos dominam as atenções: “Oná Dudu – Caminhos Negros no Bairro do Recife”, peça de rua itinerante, que vai conduzir o público por um passeio por locais fundamentais para a história da ancestralidade negra na parte mais antiga da capital, e “Xirê”, que mergulha nas nuances que marcam o existir de corpos periféricos na Região Metropolitana do Recife, por meio do Teatro do Hip-Hop.
Na quarta, a criação ganha destaque, com a roda de diálogo Processos Criativos Autoficcionais, que vai unir o encenador Marcondes Lima (UFPE), o pesquisador e jornalista Rodrigo Dourado (UFPE) e a atriz Fátima Pontes (Escola Pernambucana de Circo), às 16h. À noite, duas produções serão apresentadas, “Não.Tá.Fácil”, da Cia. Teatro da UFPE, e Babau, Pancadaria e Morte, um espetáculo-palestra da companhia Mão Molenga, referência em teatro de bonecos no Estado.
Na quinta, as discussões em torno da longevidade e o fazer teatral ganham a cena, pautando uma vivência, das 9h às 12h (Contornos do Tempo: Ensaio na Terceira Idade), uma roda de diálogo, das 16h às 18h (Teatro, Memória e Envelhecimento), e dois espetáculos à noite. A Cênicas Cia. de Repertório leva para a arena do Hermilo “Baba Yaga”, sobre o arquétipo da bruxa canibal presente no folclore russo, às 18h. Já às 20h, “Senhora”, de João Pedro Pinheiro, aborda o passar dos anos, a vida e a morte, a partir de lembranças afetivas com sua avó.
A identidade racial e a herança negra na cultura brasileira dão o tom da sexta-feira, com o intérprete Kléber Lourenço mostrando sua arte e pesquisa em teatro e dança na vivência “Dramaturgias Urgentes: Escritas e Cenas Negras”, pela manhã, e às 20h, apresentando o espetáculo “Negro de Estimação – Desmontagem”, resultado de 14 anos de investigação e experimentos, tendo como ponto de partida textos do livro “Contos Negreiros”, de Marcelino Freire.
Encerrando sua programação, no sábado, às 20h, o Off REC promove a roda de diálogo “Vedetes e Vivecas: Mulheres do Vivencial”, reunindo Suzana Costa, Auriceia Fraga e Zélia Sales para um bate-papo gostoso sobre a homenageada desta 23ª edição do festival: a pernambucana Ivonete Melo. Bailarina, ela ganhou os palcos e se fez atriz dentro do grupo que marcou a história do teatro local, o Grupo Vivencial.
23º FESTIVAL RECIFE DO TEATRO NACIONAL
De 21 de novembro a 1º de dezembro
QUARTA-FEIRA (27)
Teatro Barreto Júnior
15h – Malassombros – Contos do Além Sertão, do Grupo Teatro de Retalhos (PE)
Teatro do Parque
19h – Não me entrego não, com Othon Bastos (RJ)
QUINTA-FEIRA (28)
Teatro Apolo
20h – Kalash – Ensaio sobre a Extinção do Outro, do Coletivo Opte (PE)
SEXTA-FEIRA (29)
Teatro Luiz Mendonça
20h – Inacabado, do Grupo Bagaceira (CE)
SÁBADO (30)
Teatro Apolo
17h – Paraíso, do Grupo Teatro Máquina (CE)
Teatro do Parque
19h – Pequeno Monstro, da Quintal Produções Artísticas, com Silvero Pereira (RJ)
Teatro Luiz Mendonça
20h – Inacabado, do Grupo Bagaceira (CE)
Teatro de Santa Isabel
20h30 – Brás Cubas, da Armazém Cia. de Teatro (RJ)
DOMINGO (1)
Teatro Apolo
17h – Quatro Luas, dO Bando Coletivo de Teatro (PE)
Teatro Hermilo Borba Filho
18h – Esquecidos por Deus, com Murilo Freire (PE)
Teatro do Parque
19h – Pequeno Monstro, da Quintal Produções Artísticas, com Silvero Pereira (RJ)
Teatro de Santa Isabel
20h30 – Brás Cubas, da Armazém Cia. de Teatro (RJ)
Off REC
De 25 a 30 de novembro
No Teatro Hermilo Borba Filho
QUARTA-FEIRA (27)
9h às 12h – Vivência Criando Autoficções, com a Cia. Teatro da UFPE (PE)
16h às 17h30 – Roda de Diálogo Processos Criativos Autoficcionais, com Marcondes Lima (UFPE) e Rodrigo Dourado (UFPE). Mediação de Fátima Pontes (Escola Pernambucana de Circo)
18h – Espetáculo Não. Tá. Fácil, do Coletivo À Margem (PE)
20h – Espetáculo Palestra Babau, Pancadaria e Morte, com Marcondes Lima e Mão Molenga (PE)
QUINTA-FEIRA (28)
9h às 12h – Vivência Contornos do Tempo: Ensaio na Terceira Idade, com o grupo Memória em Chamas (PE)
16h às 18h – Roda de Diálogo Teatro, Memória e Envelhecimento, com Rodrigo Cunha (IFPB) e equipe do espetáculo Senhora. Mediação de Manu de Jesus, da Creative’se Cultural
18h – Espetáculo Baba Yaga, da Cênicas Cia. de Repertório (PE)
20h – Espetáculo Senhora, de João Pedro Pinheiro (UFPE)
SEXTA-FEIRA (29)
9h às 12h – Vivência Dramaturgias Urgentes: Escritas e Cenas Negras, com Kléber Lourenço (PE)
18h – Espetáculo Poema – Desmontagem, da Cia do Ator Nu (PE)
20h – Espetáculo Negro de Estimação – Desmontagem, com Kléber Lourenço (PE)
SÁBADO (30)
10h às 12h – Abertura de Processo Senhora dos Sonhos, com Ceronha Pontes e Gonzaga Leal (PE)
14h às 17h – Roda de Diálogo Teatro e Comunicação na Era Digital: por e para onde caminhamos”, com Aline, da Vendo Teatro; Fernanda, da Teatralizei; Ricardo Maciel, do Palco Pernambuco. Mediação de Márcio Bastos
18h – Performance O Problema é a Cerca, com Renna Costa (PE)
20h – Roda de Diálogo Vedetes e Vivecas: Mulheres do Vivencial, uma homenagem a Ivonete Melo, com Suzana Costa, Auriceia Fraga e Zélia Sales. Mediação de Hilda Torres
Fotos do off REC: Marcos Pastich/PCR